terça-feira, 19 de março de 2024

O PAPEL DA LIDERANÇA NO CHAMADO SOCIAL DA IGREJA - O Resgate da Fé Genuína - Parte 1





 INTRODUÇÃO

As implicações sociais do evangelho têm estado evidentes em todas as eras da vida da igreja. A igreja primitiva, por exemplo, expressava um testemunho social mediante a fidelidade aos apelos da comunidade cristã (At 2.42-46). Porém, a partir do fim do século XIX, até depois da primeira metade do século XX, as implicações sociais do evangelho foram negligenciadas, às vezes abandonadas, e mais frequentemente declaradas de importância secundária por aqueles que se chamavam conservadores ou fundamentalistas. Tendo em vista o evangelho social ter sido identificado com o liberalismo teológico, desenvolveu-se uma lógica popular, segundo a qual os conservadores tendiam a rejeitar a ação social como parte da sua rejeição do liberalismo. Para todos os fins, nem todos que exerciam o evangelho social eram liberais, e nem todos os liberais eram praticantes de um evangelho social.
 
Grupos que até então tinham apoiado a reforma social recuaram para uma posição em que a preocupação básica depois da conversão era a pureza dos indivíduos mais do que a justiça na sociedade.
 
“A doutrina do reino de Deus foi deixada subdesenvolvida pela teologia individualista, de modo que o ensino original de nosso Senhor tornou-se um elemento incongruente na chamada teologia evangélica".
Walter Rauschenbusch
 
Nas últimas duas décadas houve um renascimento da preocupação social. Uma nova perspectiva de interpretação e abordagem social foi proposta pela teologia da libertação. Exige-se a reflexão teológica que começa, não na sala de aulas, mas no meio da pobreza e da injustiça que definem a situação humana para muitos povos do mundo hoje. Exige-se uma teologia da "práxis".
A discussão contínua em torno da natureza e extensão do ministério social que gira em torno de opções como:
1.        Amor e/ou justiça.
2.        Ação individual e/ou coletiva / social;
Seja qual for a escolha, o desafio é traduzir o amor e a justiça em estratégias relevantes, de modo que a proclamação se torne demonstração do Poder de Deus. Mas quanto à prioridade, ainda permanece a pergunta: As implicações sociais são iguais, secundárias ou anteriores às implicações individuais do evangelho? Mas agora pergunto: será que não seriam complementares e simultâneas?
 
Vamos trabalhar com um texto muito conhecido de todos, a parábola do Bom Samaritano. Nesta parábola encontraremos alguns princípios reflexivos e de aplicação prática para o nosso ministério.
Segue abaixo exemplos negativos e positivos de Lideranças, apresentados pelo doutor da Lei e por Jesus na parábola do Bom Samaritano. Vejamos:
 
 “E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo”
(Lc 10:25-27ARC)
 
1. Exemplos Negativos de um Líder
 
a)      O primeiro exemplo negativo de liderança é a fala de um Líder que ensina aquilo que nunca aprendeu.
“E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”
 Lc 10:25
 
“... certo doutor da lei...” esta expressão por si só nos mostra a autoridade e responsabilidade que este homem possuía. O grego nomikon refere-se a um legislador e não somente interprete como é sugerido por algumas traduções. Assim podemos chegar a conclusão que aquele homem tinha em suas mãos a autoridade para fazer cumprir a lei, no caso, a lei de Moisés; porém surpreende quando pergunta para Jesus: “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” A fala só é justificada quando entendemos que o mesmo estava tentando a Jesus.
O engano do doutor da Lei era maior do que ele mesmo poderia imaginar. Achando que era conhecedor do caminho, pensava que estava engodando o Mestre ou colocando-o em uma situação constrangedora; porém enganava-se a si mesmo. Pensava que conhecia; porém ensinava na verdade, aquilo que nunca havia aprendido de fato, pois a aprendizagem não é verificada pela reprodução de conceitos, mas pela evidência prática estabelecida no nosso cotidiano de tal forma que torna-se parte integrante de si.
 
Este estado do doutor da Lei nos leva a reflexão e avaliação de nossa liderança, pois somos conhecidos dos púlpitos; os jargões, os chavões e o evangeliquez fazem parte de nosso “vasto” vocabulário e somando com as nossas "franjas e filactérios", formam um estereótipo aprovado por todos, ou pelo menos, pelas massas evangélicas. Como se vê, não é tão difícil assim fazer o papel do bom líder. Alguns estão tão bem acostumados que à semelhança do doutor da Lei, num ato quase esquizofrênico, acabam acreditando em sua própria atuação. Este líder não apenas torna-se infrutífero, mas também leva muitos ao erro da não frutificação, já que, como liderança, torna-se paradigma para seus liderados.
 
b)      O segundo exemplo negativo de liderança é o líder cheio de ortodoxia, porém vazio de ortopraxia.
“E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso e viverás.”
Lc 10:27,28
Após a indagação do famigerado doutor da Lei, Jesus responde-lhe com outra pergunta: “Que está escrito na lei? Como lês?” Então o fariseu começa a citar uma combinação de Dt 6:5 com Lv 19:18. Mostrando seu conhecimento bíblico e exegético, o mesmo consegue resumir toda lei e os profetas em uma sentença; porém, apenas palavras não bastam. Jesus é categórico: “faze isso e viverás.”

Mas será que ele não sabia???
Parece que não!

Sei que não é preciso, mas gostaria de reforçar, informando a você caro amigo, que ele não é o único caso em que a presumida familiaridade tem levado ao desconhecimento, o desconhecimento ao desdém e o desdém a uma profunda ignorância.
Robert Coles, professor em Harvard de psiquiatria e famoso pesquisador de questões sociais e morais, publicou um artigo chamado “A disparidade entre o intelecto e o caráter”. O artigo é sobre o grande desafio da tarefa de ligar intelecto a caráter.
 “O ensaio foi provocado por uma discussão com uma de suas alunas sobre a insensibilidade moral de outros alunos, alguns dos melhores e mais brilhantes de Harvard. Essa aluna era uma moça ‘de classe baixa, vinda do Meio-oeste dos EUA’, onde, como bem se sabe, ainda têm força coisas como ‘respostas corretas’ e ‘ideologia’. Ela limpava os quartos de outros alunos para ajudar a pagar a universidade”.
Relatou a aluna a Coles que repetidamente os seus colegas de turma a tratavam com rispidez por causa da sua baixa posição econômica, sem cortesia nem respeito; muitas vezes eram rudes com ela e às vezes até grosseiros. Um jovem aluno seguidas vezes a convidou para fazer sexo com ele enquanto a moça limpava o seu quarto. Era um rapaz com quem ela fizera dois cursos de ‘argumentação moral’, nos quais ele se saiu muito bem e recebeu as maiores notas.
    Esse tipo de tratamento a fez abandonar o emprego e deixar a faculdade — razão pela qual ela teve uma espécie de entrevista de saída com Coles. Depois de discorrer não só sobre a conduta dos seus colegas, mas também sobre a longa lista de pessoas altamente instruídas que perpetraram as atrocidades pelas quais o século XX é famoso, ela concluiu assim: ‘Eu venho fazendo todos esses cursos de filosofia nos quais conversamos sobre o que é verdadeiro, o que é importante, o que é bom. Ora, como se ensina às pessoas a serem boas?’ E acrescentou: ‘Para que saber o que é bom se você não tenta se tornar uma boa pessoa?’”
    Para o Dr. Robert Coles o desafio de ligar o intelecto ao caráter é descrito como uma tarefa “intimidadora”. Como poderíamos então denominar o nosso desafio, de unir a e as obras, o nosso discurso e as nossas práticas?
    Nosso já familiarizado, doutor da Lei, não sabia que não basta decorar alguns versículos ou saber alguns conceitos bíblicos ou  teológicos, mas que é necessário "encarnar" a verdade bíblica.
    Caro líder não basta termos um discurso correto (ortodoxia), mas é de todo necessário o esforço para viver uma vida correta
         (ortopraxia), com práticas fundamentadas nas Sagradas Escrituras.
E saiba que de nada adiantará se não chegarmos à conclusão de que a Fé deve ir muito além do que meras palavras. Nada adiantará se  não chegarmos à conclusão de que o Reino de Deus vai muito além das quatro paredes da nossa congregação. Nada adiantará se não chegarmos à conclusão de que a vontade de Deus para nossas vidas é que anunciemos o evangelho, amando a Deus de todo o nosso coração, e de toda a nossa alma, e de todas as nossas forças, e de todo o nosso entendimento, e ao nosso próximo como a nós mesmos (Lc 10:27). Não apenas com palavras, mas com a sua própria vida (com atitudes). Não apenas nos discursos, nos púlpitos ilustres com suas plataformas acarpetadas, mas nas ruas, nas favelas, nos terminais de ônibus, nos hospitais, nos presídios, nos postos de saúde, na Febem, nos orfanatos, nos asilos, na cracolândia, na boca do lixo e etc.
 
c)      O terceiro exemplo negativo de liderança é aquela que não conhece ou reconhece o seu “próximo”
“Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?”
Lc 10:29
A palavra “próximo” pode significar: o que está perto; vizinho, cada pessoa em particular ou o conjunto de todos os homens. Porém, o “esclarecido” doutor da Lei não havia se atinado, ou ao que parece, torna a pespegar Jesus. Mas será que o doutor da Lei conhecia realmente o seu próximo? Vejamos por um dos exemplos de seus colegas:
“E ensinava no sábado, numa das sinagogas. E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se. E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade. E impôs as mãos sobre ela, e logo se endireitou e glorificava a Deus. E, tomando a palavra o príncipe da sinagoga, indignado porque Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados e não no dia de sábado. Respondeu-lhe, porém, o Senhor e disse: Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi ou jumento e não o leva a beber água? E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual dezoito anos Satanás mantinha presa? E, dizendo ele isso, todos os seus adversários ficaram envergonhados, e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por ele.”
Lc 13:10-17
  Você conseguiu entender? O problema de reconhecer o “próximo” não era uma questão isolada, mas, de toda a classe religiosa. O sistema religioso era mais importante do que a razão pela qual fora criada. Uma inversão de valores terrível confundia e cegava os olhos daqueles que se diziam guias para os cegos não permitindo que eles enxergassem a importância do seu próximo, ou ainda pior, não permitia que eles enxergassem quem era o seu próximo.
Quando perdemos a dimensão do outro, perdemos a dimensão de si.
Queridos irmãos, acredito na necessidade de regras, normas e leis. Acredito em sistemas e organizações, porém uma condição imprescindível é que todas estas cumpram o seu propósito de glorificar a Deus e edificar os homens. Porém, infelizmente, a inversão destes valores tem obscurecido a visão de muitos.

 

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas.
Mt 23:23

 

Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.
Mt 9:13

 

d)     O quarto exemplo negativo de liderança é aquela que se importa muito mais com o rito cerimonial do que com a verdade da palavra de Deus.
"E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo".
Lc 10:31, 32
 
Para ajudar o doutor da Lei identificar o seu próximo Jesus resolve contar uma parábola para facilitar as coisas.
“Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.” (Lc 10:30) 
O texto relata num primeiro momento, que um sacerdote passa pelo homem ferido, e vendo-o passou de largo. Num segundo momento relata que um levita passa pelo mesmo caminho, vê o homem quase morto, porém, também passa de largo. 
Estes homens se deram como justificados usando a própria Lei cerimonial, pois esta afirma que:
“Ninguém da semente de Arão que for leproso ou tiver fluxo comerá das coisas santas, até que seja limpo; como também o que tocar alguma coisa imunda de cadáver... O homem que o tocar será imundo até à tarde e não comerá das coisas santas, mas banhará a sua carne em água. E, havendo-se o sol já posto, então, será limpo e depois comerá das coisas santas; porque este é o seu pão.”Lv 22:4, 6, 7
O conceito de santidade, de separação, destes obreiros, estava totalmente fora dos padrões que a própria Palavra de Deus havia determinado. Com a idéia de cumprir uma “Lei” cerimonial, que, como podemos ver, não era prioritária para a ocasião, preferiram deixar seu compatriota abandonado para morrer a lhe oferecer algum préstimo e socorro.
Esta cena infelizmente se repete dia após dia. Alguns conceitos são mal interpretados e a semelhança do fariseu muitas vezes ficamos cada vez mais “em si mesmados”, numa igreja “intra-paredes”.
Estamos nos fechando cada vez mais. Somos capazes de chegar ao absurdo de desenvolvermos produtos de consumo evangélicos; grifes, boates, clubes evangélicos, condomínios,  e até biscoitos evangélicos com dizeres devocionais para o café da manhã estão sendo produzidos e comercializados, para um dos maiores e rentáveis grupos de consumo da sociedade; os cristãos evangélicos. A igreja vive enclausurada em seu gueto. Nestes moldes sou obrigado a concordar com Karl Marx que disse: “a religião é o ópio do povo”, pois verdadeiramente o cristianismo que muitos estão vivendo não passa de uma vã e vazia religiosidade. Nossas reuniões são analgésicas e paliativas, desconectando-nos da realidade por uma ou duas horas, para novamente sermos inseridos a ela sem respostas coerentes com as necessidades da sociedade. Nossos cultos, os nossos louvores e adoração partem muitas vezes de um ponto de necessidade pessoal, cultos antropocêntricos, onde o homem se torna objeto de sua própria adoração. Mas o que fazer  diante destes desafio e de tantas anomalias? 
    Espero encontrar o caminho juntamente com você !!! Até o próximo artigo. 
Por favor emita a sua opinião! Se manifeste! Declare o seu ponto de vista! 

 

Saiba que seu feedback é muito importante! 

 

   (O tema abordado continua no próximo artigo) 













terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

A GRAÇA É DE GRAÇA.

 A Palavra Graça traz por definição, um ato ou ação realizada como um favor imerecido, ou seja, uma pessoa alvo desta Graça é uma pessoa que recebe um favor pelo qual não teria direito algum e nenhum merecimento. Talvez esta definição não traga nada de novo em seus conhecimentos, contudo nunca vivemos numa época, em um tempo, onde o obvio e o trivial que consideramos tantas vezes, desnecessária a lembrança seja tão raramente praticados em nosso cotidiano. Por isso do Tema deste artigo: A Graça é de GRAÇA!!! 

Vejamos os Ensinamentos do nosso Mestre Jesus: 

Em Mt 10:1-10 Vemos Jesus Chamando os seus doze apóstolos iniciando com eles as diretrizes que devem permear a vida de um vocacionado para pregar o Evangelho. A Palavra de Deus nos afirma que Jesus os chama e lhes confere Poder e Autoridade sobre os demônio, sobre as enfermidades e todo mal e declara então o nome dos doze discípulos e logo após começa a narrativa das orientações do Senhor Jesus Cristo para seus obreiros, orientações com princípios imutáveis também para os nossos dias.
Jesus os envia para cumprir tarefas especificas:
1) Pregar o Evangelho do Reino
2) Curar enfermos
3) Limpar leprosos
4) Ressuscitar mortos
5) Expulsar demônios

Depois de declarar (especificar) as tarefas que deveriam ser desempenhadas por Seus discípulos, Jesus os orienta, em primeiro lugar, que:
a) A autoridade concedida por Ele nunca deverá ser negociada.
Jesus exorta doutrinando os seus discípulos que o principio de seu evangelho é a Graça: De graça recebeste, de graça daí. Mt 10:8b, ou seja a Graça é de graça. A Graça como sabemos é um favor imerecido, algo que nos foi outorgado não pelos nossos méritos, mas apenas por amor e bondade. Assim como Jesus nos concedeu a salvação e os dons espirituais pagando o preço necessário para que os obtivéssemos, assim devemos levar os dons de Cristo ao próximo sem exigir deste nada em troca; pois todo preço já foi pago na Cruz do Calvário.

Depois de declarar que os Seus dons são inegociáveis, Jesus nos orienta, em segundo lugar, que:
b) O Cristão que se presta a realizar a Obra de Deus deve ter uma vida simples, livre do luxo, da ostentação, da fama e dos amor às riquezas.
Jesus declara: “Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento. (Mt 10:9-10)
Jesus conhecia o perigo encerrado na ênfase demasiada ao dinheiro, e as ciladas que o amor às riquezas proporcionam. Todo cristão deve tratar este tema com muito cuidado e prudência. O apóstolo Paulo segue nas orientações afirmando a Timóteo:
“Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males...” 1 Tm 6:610 
Quando princípios aparentemente simples como estes são ignorados grandes problemas como o que estamos vendo atualmente acontecem.Que Deus em Cristo Jesus nos ajude a entender e colocar estas verdades em pratica em nossas vidas, entendendo sempre que:
A autoridade concedida por Ele nunca deverá ser negociada.
O Cristão que se presta a fazer a Obra de Deus, deve ter uma vida simples, livre do luxo, da ostentação, da fama e do amor às riquezas.


A Graça não custa nada para você e nem para mim. Nada, além da simples obediência ao Amor. Pois o alto preço que custava já foi pago na Cruz do Calvário por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

 

"De graça recebeste, de graça daí."

sábado, 24 de fevereiro de 2024

O CRISTIANISMO SEGUNDO JESUS

CRISTIANISMO SEGUNDO JESUS CRISTO




Pode até parecer uma redundância falar da necessidade de viver um cristianismo segundo Cristo e, não, segundo a cristandade; porém vemos a cada dia a decadência no que tange as balizas que sempre foram norteadoras e definidoras de uma vida cristã. Balizas, estas, que conseguiam atribuir ou identificar a veracidade ou fidelidade do Evangelho; se verdadeiramente se trata do evangelho de Cristo ou de "outro evangelho". Vejamos alguns princípios imutáveis para a identificação desta verdade:

1) O Genuíno Evangelho tem Jesus como Centro... o falso tem o homem como centro

2) O Genuíno Evangelho  exige uma confissão publica que vai além das simples palavras,
o falso evangelho se alimenta da hipocrisia e da demagogia;

3) O Genuíno Evangelho exige renuncias, o falso evangelho é evidenciado pelas conquistas terrenas;

4) O Genuíno Evangelho exige uma transformação genuína de vida e não superficial, o falso evangelho não necessita de renuncias; pois não é conhecido pelo ser, e sim pelo ter;

5) O Genuíno Evangelho nos transforma em servos de Cristos e servos uns dos outros, o falso evangelho nos transforma em "senhores" e absurdamente coloca Cristo como aquele que vem suprir os nossos caprichos, e o próximo é apenas mais uma forma de sermos "consagrados" e bajulados em nossas falsas pretensões.

6) O Verdadeiro Evangelho Liberta, o falso evangelho escraviza

7) O Evangelho de Cristo forma verdadeiros adoradores, o falso evangelho gera adoradores artificiais... 

8) O Verdadeiro Evangelho leva para o céu, e o falso conduz seus adeptos desapercebidamente para o inferno. 
...
 O Genuíno Evangelho de Jesus Cristo transforma o nosso modo de pensar

 O Genuíno Evangelho transforma o nosso modo de agir

 
O Evangelho de JESUS CRISTO usa tudo o que há na TERRA para herdar o CÉU...

O "falso evangelho" ou o "outro evangelho" usa tudo o que é do CÉU para "reinar" na TERRA.




sexta-feira, 22 de agosto de 2014

BÍBLIA, REGRA DE FÉ E PRÁTICA


Textos: 2 Tm 3:16, Jo 5.39,  

Objetivo: Mostrar a Estrutura da Bíblia seus livros do Antigo Testamento e Novo Testamento, sua inspiração e inerrância.

INTRODUÇÃO
A Bíblia é a Palavra de Deus. O autor da Bíblia é o próprio Deus. Foi Ele quem inspirou os escritores da Bíblia através do Espírito Santo. A Bíblia trata de muitos assuntos, mas o seu tema principal ou central é a Obra de Cristo em favor do homem. Foi escrita com a finalidade de levar o homem a salvação em Cristo Jesus, e por isto deve ser nossa única regra de fé e conduta. O primeiro passo para compreender a Bíblia é a conversão, pois o homem natural não pode entender as coisas de Deus - l Co 2.14,15.


1. HISTÓRIA E ESTRUTURA DA BÍBLIA

a) Bíblia, o livro dos Livros: A Bíblia é um conjunto de 66 livros e divide-se em duas partes: Velho Testamento e Novo Testamen­to. A Bíblia trata de muitos assuntos: história, biografia, poesia, profecia, parábolas e sal­mos. Foi escrita num período de aproximadamente 1600 anos por Cerca de 40 escritores que viveram em épocas, lugares e costumes diferentes iniciando com Moisés que escreveu os cinco primeiros livros da Bíblia, chamado de Pentateuco e concluída com o apocalipse de autoria do apostolo João cerca de 100 anos depois de Cristo... Entre eles havia: reis, esta­distas, filósofos, sacerdotes, pastores, pescadores, médico e cobrador de impostos.
O Velho Testamento foi escrito pela primeira vez na língua dos judeus, o hebraico, já o Novo Testamento foi escrito em grego, que era a língua dominante na época. A primeira tradução da Bíblia para a língua portuguesa foi feita por João Ferreira de Almeida em 1.681 na Holanda. A Bíblia já foi traduzida em mais de 1000 línguas e dialetos. Mas, apesar de tanta diversidade, há uma admirável unidade em todo o seu conjunto. Todos os seus livros apontam para um único tema: Jesus Cristo.

b) O Antigo Testamento: O Velho Testamento descreve a criação do mundo, a criação do homem e a história de Israel, o povo escolhido por Deus. O Velho Testamento possui 39 livros classificando-se em quatro grupos: Pentateuco, Histórico, Poéticos e Proféticos.

Pentateuco - 5 Livros
§     (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio)

Históricos -12 livros
(Josué, Juizes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias e Ester)

Poéticos - 5 livros
§     (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares)

Proféticos -17 livros
§     Profetas Maiores: (Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel) – 5 Livros.
§     Profetas Menores: (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias) 12 Livros.

c) O Novo Testamento: O Novo Testamento descreve o nascimento de Jesus Cristo, sua vida, morte e ressurreição; descreve as histórias dos apóstolos; a história da igreja primitiva; e contém ensinos a respeito das doutrinas centrais da fé Cristã. Possui 27 livros e estes se classificam em quatro grupos: Evangelhos, Histórico, Epístolas e Profético.

Evangelhos - 4 livros
§     Livros que podem ser chamados de históricos, mas preferivelmente classificamos aqui como livros biográficos - Mateus, Marcos, Lucas e João.

Histórico - 1 livro
§     Atos dos Apóstolos, que relata a história da igreja.

Epístolas - 21 livros
§     13 Epístolas Paulinas (ou seja, escrita pelo Apóstolo Paulo): (Aos Romanos, I e II Aos Coríntios, Aos Gálatas, Aos Efésios, Aos Filipenses, Aos Colossenses, I e II Aos Tessalonicenses, I e II Timóteo, A Tito e A Filemom)
§     1 Epístola cujo autor  é desconhecido - Aos Hebreus
§     7 Epístolas Gerais - foram escritas para todas as igrejas (Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e Judas)

Profético -1 livro
§     O Apocalipse, escrito pelo apóstolo João.


2. PROVAS DA INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA

a) O cumprimento das profecia: Nas profecias da Bíblia está revelado o futuro das cidades, de povos e do mundo. Todas elas estão se cumprindo. As profecias a respeito de Jesus se cumpriram até nos mínimos detalhes. Em nossos dias vemos diariamente o cumprimento de muitas predições bíblicas.

b) A sua autoridade e Poder transformador: Jesus mesmo declarou que a Palavra de Deus é a verdade (João 17.17). Milhares de pessoas foram transformadas pela mensagem das Escrituras, em cumprimento a sua palavra que diz “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.(João 8:32). Os maiores criminosos tornam-se cidadãos pacíficos e ordeiros. E as sociedades mais corruptas são elevadas e enobrecidas (Lucas 19.1-10). Jesus também afirmou que não conhecer as Escrituras é um grave erro (Mateus 22.29).

c) O Testemunho do Espírito Santo: Em fim a maior prova da inspiração divina da Bíblia é sentida pelo crente em seu interior, quando o Espírito Santo testifica junto ao seu espírito que ele é filho de Deus - Romanos 8.16.


3. COMO E PORQUE DEVEMOS LER A BÍBLIA

a) Com atitude de submissão e oração - Salmos 119.18 Salmos 119.33-40: Submissão a Deus e humildade é a atitude certa para se ler as Escrituras Sagradas. Devemos examiná-la cuidadosamente e com o propósito de obedecê-la - Tiago 1.22. Antes de lermos a Bíblia, devemos orar pedindo orientação divina, pois o mesmo Espírito que inspirou homens para escrevê-la, é quem ilumina os seus leitores a compreender o que está escrito. Jesus prometeu que o Espírito Santo nos guiaria a toda a verdade - João 16.13.

b) Com confiança Tomando posse das promessas - Hebreus 11.6 Jeremias 1.12: Para se entender a Bíblia é preciso ter fé. Embora a nossa razão não consiga compreender certos fatos da Bíblia, como a Santíssima Trindade, a encarnação e outros assuntos, mesmo assim devemos crer que tudo o que nela está escrito é a verdade, e Ela é fiel – Tito 1.2. A Bíblia está sempre atualizada. Quando lemos as suas promessas, devemos tomá-las para nós, crendo o que Deus fez por seus filhos no passado, Ele faz por nós ainda hoje.

c) Com cuidado e método - Atos 17.11: Pouco adianta ler a Bíblia de maneira superficial, para acalmar a consciência. A Bíblia não deve ser apenas lida, mas estudada com cuidado e interesse para descobrirmos as verdades a respeito de Deus. Devemos ler a Bíblia diariamente e sistematicamente. Ao estudar a Bíblia devemos procurar um lugar calmo a fim de poder meditar, e é bom se ter na mão um caderno para anotar as conclusões do nosso estudo (que poderá ser uma promessa de Deus, um mandamento a cumprir, uma atitude a ser mudada, um pecado a ser abandonado, etc). É muito proveitoso ler a Bíblia toda em um ano. Para isto é preciso ler 3 capítulos por dia de 2ª a 6ª feira, 5 capítulos no sábado e 5 capítulos no domingo. É necessário ler a Bíblia toda pelo menos uma vez, para se ter uma ideia de toda revelação de Deus. Entendendo que a mesma é progressiva, e podemos compreendê-la bem, quando lermos todos os seus livros, porque se completam entre si.

A BÍBLIA É:
Mandamento de Deus
Josué 1.8,9.
Alimento para a alma
l Pedro 2.1,2.
Palavra que limpa e nos santifica
João 17.17.
Nossa orientadora
Salmos 119.105
Nossa fonte de fé
Romanos 10.17.
Nossa arma
Efésios 6.17.
A explicação a razão de nossa fé
1 Pedro 3.15.








4. CONCLUSÃO
Deus tem prazer em se revelar aos seus filhos quando estes se aproximam. Na sua palavra  em Hebreus 11.6 diz: “que aqueles que se aproximam de Deus precisam crer que Ele exista”, e por Ele existir devemos buscá-lo pois Ele é galardoador daqueles que assim o fazem. É dever de cada Cristão crescer na graça e no conhecimento da Palavra de Deus - II Pedro 3.18. E como disse Oséias "Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor". Oséias 6.3-4. Devemos ler a Bíblia porque ela é a Palavra de Deus, nossa bússola diária, regra de Fé e prática, tudo que ocorre no mundo, a palavra de Deus sempre tem a direção correta, cremos que a Palavra é o aferidor, doutrinário, moral e ético para toda e qualquer situação que possa ocorrer e ser resolvida, tanto no mundo quanto na Igreja.


quarta-feira, 10 de julho de 2013

A Verdadeira Adoração - Conclusão

2. VERDADEIROS ADORADORES

Adoração não é barganha, não são frases de efeito, ou frases repetidas, muito menos gritos de guerra ou mudanças litúrgicas. A Verdadeira Adoração é um ato de re-conhecimento, mas bem sabemos que, para reconhecer é necessário, antes, conhecer. E, este reconhecimento gera espontâneidade, e liberdade em cada gesto, em cada palavra... A adoração envolve, sim, o prostrar-se humildemente com reverência, a noção de ser servo e estar a serviço do Reino de Deus, e de sempre reconhecer através da nossa confissão que somos dependentes da Graça e do Perdão de Deus, mas na adoração nunca encontraremos o constrangimento, ou a imposição, seja de sistemas ou de tentativas de imprecionismo, (atitudes e ações  peculiarares da vã religiosidade). A verdadeira adoração não é uma ação que tem como origem e fim o próprio ser humano, antes está estabelecida no relacionamento entre Deus e o homem. A Essência da Verdadeira Adoração consiste na adoração de Deus Pai através de Deus Filho na Intercessão do Deus Espírito Santo. A verdadeira adoração tem como único objetivo glorificar ao Deus Triuno e não aos homens!

Soli Deo Gloria!

domingo, 7 de julho de 2013

A VERDADEIRA ADORAÇÃO - PARTE I

1. INTRODUÇÃO

 Nos últimos dias temos visto uma diversidade muito grande de louvores e modelos de adoração. Modelos estes que ressaltam as necessidades humanas e a promessa de vitória concedida ao suprir estas necessidades. Mas, será que existe um padrão para a adoração? E ainda, será que existe um modelo para o louvor?  Procurando responder a estas perguntas é que apresentamos o presente trabalho com o afã de buscar um equilíbrio proporcionado pela Palavra de Deus, a fim de conduzir os interessados pelo tema a uma analise e maior conhecimento bíblico-teológico do assunto.

 

 1.1. O QUE É UMA VERDADEIRA ADORAÇÃO

 O termo no latim significa literalmente levar a mão a boca, ou seja, beijar a mão num sinal de reverencia. Assim podemos entender que a Adoração consiste nos atos, atitudes, sentimentos e motivações que reverenciam e honram à majestade do nosso Grande e Eterno Deus, Criador, Provedor e  Mantenedor de todas as coisas.
No original grego ainda temos mais 5 termos relevantes ao nosso estudo. Vejamos:


1.1.1. Gónu ou gonupetéo
Indica o ato de prostra-se como um gesto de adoração que também simboliza a atitude interna como sinal de humildade de auto-aviltamento e de homenagem.


1.1.2. Proskunein,
Prostrar-se como sinal de reverencia, prestar homenagem, beijar.


1.1.3. Latreía 
Esta palavra dá idéia de, todo o empenho, ou serviço realizado, em favor do evangelho que constitui-se num ato de adoração a Deus.


1.1.4. Leitourgía
Etimologicamente relaciona-se ao serviço prestado em favor de um povo ou nação. Posteriormente o vocábulo adquiriu um sentido muito amplo, designando o serviço do escravo ao seu senhor, das mães aos seus bebes e etc. Sempre tendo intrínseco o sentido de um serviço voluntário ou compulsório. O termo também é traduzido como ministério em algumas passagens do Novo Testamento, onde Cristo apresenta-se como Leitourgós do Santuário e verdadeiro Tabernáculo Hb 8:2 e o apóstolo Paulo como um Leitourgós de Jesus Cristo referente aos gentios. Quando analisamos a aplicação deste termo conseguimos entender o ministério como um serviço de adoração oferecido a Deus


1.1.5. Homología
O termo num sentido religioso dá a ideia de aceitação de votos ou mais comumente a confissão de pecados. Sabemos que a confissão esta intrínseca a nossa espiritualidade e vida cristã, porém o tipo de confissão aqui abordada é um tipo bem diferente de confissão, a saber, a confissão de louvor a Deus pelos seus atos poderosos. Alguns Salmos (e.g. Sl 30), exibem essa conexão. Ao reconhecer o seu pecado o salmista encontrou a salvação, e seu arrependimento tornou-se louvor e ações de graça. A admissão de pecado transforma-se em reconhecimento da graça e do poder de Deus.

 
1.2. SUA ORIGEM

Entendendo que a adoração não é uma particularidade humana, antes tendo sua origem nos céus, onde os seres celestiais adoram a Majestade Santa do Deus Todo Poderosos (Is 6:2-3), abrange a todos aqueles que desejam ou fazem parte do Reino Celestial. A adoração a Deus é uma credencial necessária a todos aqueles que desejam fazer parte deste Reino (Jo 4:23,24).  Mas, infelizmente, existem aqueles que defendem que a adoração tem sua origem e fins, no próprio ser humano e afirmam: ”a adoração é estritamente emocional”. Tal suposição pressupõe que "a adoração é algo subjetivo que se origina no íntimo do próprio individuo; uma realidade intrínseca para o homem não havendo qualquer necessidade de um Deus que corresponda a estas emoções internas" (itálico meu). Quero aqui fazer algumas considerações que acho muito importante a respeito deste fato:
 

1.2.1. A Base da Adoração é Teocentrica e não Antropocentrica.
Apesar de que o estudo das palavras associadas a adoração são conceitos que envolvem o aspecto humano como por exemplo:

A) Ajoelhar-se, prestar submissão; as raízes da adoração bíblica devem ser procuradas não nas emoções humanas, mas, no relacionamento divinamente estabelecido entre Deus e o homem. 

B) Que as emoções e reações humanas estão envolvidas no ato da adoração é inegável. A admiração, temor, gratidão e amor são emoções experimentadas na adoração. O que se deve ressaltar, porém, é que estes não são fatores controladores. Não constituem na verdadeira essência da adoração. 

C) Biblicamente falando a motivação da nossa adoração reside na Pessoa do Deus Adorado e não no adorador. Ou seja, a motivação para nossa adoração não pode residir em nós mesmos; não pode ter nossas condições emocionais e psicológicas como princípios motivadores ou norteadores. 

Se a adoração envolve admiração essa admiração é a admiração a Deus.

Se a adoração envolve temor esse temor é o temor devido a Deus.

Se a adoração envolve a gratidão é a gratidão a Deus por seus atos poderosos.

Se a adoração envolve o amor é o amor a Deus, o Deus de Amor.

 

sábado, 29 de junho de 2013

Fenômenos Eclesiásticos da Pós Modernidade


A igreja da atualidade, ou igreja hodierna como podemos chama-la, vive em meio a uma crise ética muito grande devido à secularização da fé que é um sintoma ou consequência da pós-modernidade. Estes, como aqui chamamos, "fenômenos" merecem a nossa total atenção, vejamos:

 

1.1. A Igreja do Modismo

Tudo que se lança transforma-se em festas, seminários, oficinas, congressos, e muitas vezes até em livros, estão postados na internet são proliferados através das redes sociais do Youtoube, apenas com um toque você esta em contato com estas "novas ideias e ideais" que enchem a cabeça de obreiros que são levados por vento de doutrinas, obreiros doentes, e por consequência geram igrejas e ovelhas doentes, homens que não estão estruturados, homens e mulheres desestruturados para assumir uma responsabilidade que julgamos uma das maiores responsabilidades; que é a de cunho Espiritual. Diante de tão grande desafio chegamos à mesma conclusão do apostolo Paulo; que devemos nos preocupar com as falsas doutrinas e principalmente com os falsos mestres e os falsos profetas; devemos nos preocupar mais com o rebanho de Deus e com as nossas próprias vidas e ministérios.

 

1.2. A Igreja do Comodismo

Outro problema da atualidade está instalado na membresia que acostumou-se com um evangelho mercantilista que transforma os cristãos em compulsivos consumistas religiosos. Neste item os obreiros são tentados a satisfazer estes desejos afim de não perderem os seus membros, segue-se então, uma inversão de valores, já não temos mais uma igreja onde todos são orientados pelo principio do serviço cristão (ver Fp 2:1-5). Daí um numero cada vez mais elevado de cristãos que em vez de servirem desejam ser servidos. Não é estranho também a frase em nosso meio, dizendo; "não gostei do culto" ou "não gostei do louvor" ou ainda "não apreciei a mensagem" descaracterizando assim, os elementos sobrenaturais do culto a Deus, no lugar de adoradores temos um grupo de consumistas religiosos exigentes, pessoas querendo ser servidas por Deus, onde Cristo se torna um mero supridor de caprichos pessoais e o Espírito Santo um meio de alcançar algum status religioso mediante os dons. A mensagem não é mais a boca de Deus falando mas avalia-se a oratória e a capacidade de argumentação e eloquência do pregador. Pouca doutrina e muito autoajuda, as mensagens não são mais cristocêntricas, mas, ao contrario, são antropocêntricas e egocêntricas, não se tem Cristo como motivação principal e última das mensagens pregadas, mas no lugar de Cristo, o homem e as suas necessidades. Lembro-me de uma mensagem ministrada pelo Pr. Aldery Nelson onde o mesmo imprimiu a seguinte frase "não precisamos de mensagens de autoajuda, mas precisamos de mensagens que promovam a ajuda do Alto". Que Deus nos ajude a colocar Cristo no centro de nossas vidas e no centro das vidas daqueles que nos ouvem, ensinemos aos mesmos que Deus está em busca dos verdadeiros adoradores, aqueles que o adoram em espírito e em verdade. Ensinemos que Cristo deve ser adorado como Salvado e entronizado como Senhor em nossas vidas, Ele e não nós está no controle de tudo.

 

 1.3. Medievalização da Fé

Nosso olhar volta-se agora para o sacerdócio e algumas instituições cristãs, que vivem o fenômeno da Medievalização da Fé. Os sistemas religiosos parecem reportar-se aos tempos que antecederam a reforma protestante. Sacerdócios corrompidos e igrejas que negociam a Graça de Deus.

Se no tópico anterior abordamos as problemáticas que estão instaladas na membresia, agora chegou a hora de analisarmos como estão as coisas nos nossos púlpitos, ou seja, no ministério da igreja. Vivemos em um tempo que poderíamos chamá-lo também de "ICABOD". A mesma situação histórica de 1 Samuel capítulos 2 à 4 se repetiu na era medieval e se repete em nossos dias, basta analisarmos o contexto histórico. Vejamos: Samuel é dedicado ao serviço do Senhor por Ana em cumprimento ao seu voto a Deus pela cura da esterilidade. Samuel desde a mais tenra idade aprende a servir a Deus no Templo que na ocasião estava instalado em Siló. Oficiava o sumo-sacerdócio na ocasião sumo-sacerdote Eli e com ele seus filhos e por consequência sacerdotes, Hofini e Finéias. Logo após o cântico de Ana no capitulo 2 dos vv. 1 ao 11, temos na sequência registrada a primeira referência aos filhos de Eli, e a primeira impressão não é nada boa; o texto sagrado relata: "Eram porém os filhos de Eli filhos de Belial", a palavra belial no hebraico significa "indignidade" ou "impiedade mas segundo Russel Norman Champlin as expressões como filho ou filha de belial poderiam significar filhos indignos ou filhos da impiedade, porém a expressão pode assumir um sentido ainda mais pejorativo, como "agente de Satanás"[1], agora acompanhem comigo o raciocínio, um sumo-sacerdote complacente com o pecado, e sacerdotes indignos, ímpios, agentes de Satanás. A segunda informação que temos a respeito destes, é a atitude que os mesmos tinham com a liturgia e com as ofertas do povo, diz o texto: "Porquanto o costume daqueles sacerdotes com o povo era que, oferecendo alguém algum sacrifício vinha o moço do sacerdote, estando-se cozendo a carne, com um garfo de três dentes em sua mão; e dava com ele na caldeira, ou na panela, ou no caldeirão, ou na marmita; e tudo quanto o garfo tirava, o sacerdote tomava para si; assim faziam a todo o Israel que ia ali a Siló" (1Sm 2: 13, 14), como senão bastasse tal corrupção eles não paravam por ai, mas davam um jeito de tornar as coisas ainda piores: "Também antes de queimarem a gordura vinha o moço do sacerdote, e dizia ao homem que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote; porque não tomará de ti carne cozida, senão crua. E dizendo-lhe o homem: Queimem primeiro a gordura de hoje, e depois toma para ti quanto desejar a tua alma, então ele lhe dizia: Não, agora a hás de dar, e se não, por força a tomarei"(1Sm 2:15-16).

A consequência destes atos abomináveis ao culto é descrita no versículo 17 do mesmo capitulo: "Era pois muito grande o pecado destes mancebos perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor" (1Sm 2:17).

Como podemos observar encontramos nos dias de Samuel os mesmos problemas que aconteceram na era medieval e que infelizmente se repetem em nosso dias:

 

a) Exploração do Povo

Assim como nos dias de Samuel, na era medieval o povo era alvo da exploração do sacerdócio espúrio, relíquias eram negociadas a preços exorbitantes e quem as possuía era considerado portador de um altíssimo grau de piedade, as indulgencias eram vendidas ao povo como um meio comercial de expiação que já simbolizava a banalização da graça e da fé. A Igreja hodierna desenvolve também os seus métodos de exploração dos fieis através de vendas de diversos artigos, que semelhantemente a igreja medieval, chamão-nos de ponto de contato da fé, a lista é extensa: Sal grosso, rosa ungida, meia ungida, toalha ungida, água do rio Jordão e etc. A cada dia existem "inovações" em várias igrejas que, na verdade, são apenas repetições das velhas temáticas religiosas que já necessitaram de uma reforma, mas teimam em retornar as antigas praticas.

     

b) Apropriação indevida daquilo que é pertencente ao Senhor

Também é notório o grande luxo em que o papado vivia na Idade Média, conforto proporcionado pelos "donativos" dos fieis.  O grande Reformador Martinho Lutero quando entrou em contato com Roma nos invernos de 1510 e 1511, enviado por sua ordem, viu lá a corrupção e luxuria da igreja romana e começou a compreender a necessidade de uma reforma [2]. Hoje vemos a mesma dinâmica sendo desenvolvida em inúmeras denominações, aquilo que deveria ser consagrado ao Senhor serve para o enriquecimento indevido de algumas personalidades, "O garfo de três pontas" continua funcionando não importando a classe social do individuo, a extorsão é realizada em nome da fé, e aqueles que não concordam com tais abominações são reputados como infiéis, incrédulos e destituído de visão espiritual. Certa ocasião presenciei um destes “movimentos da fé arrecadadora", o individuo usava a tribuna para declarar alguns "testemunhos" de provisão divina mediante um sacrifício financeiro, levando os fieis a contribuir com quantias estipuladas através da cor dos envelopes que cada um recebia, juntamente com os envelopes cada um destes também receberam um grão de feijão e foram orientados que no último dia da campanha deveriam trazer a quantia em dinheiro e o grão de feijão. Para a surpresa de muitos depois do valor arrecadado, o pregador anunciou que todos aqueles que foram fiéis nos seus propósitos deveriam olhar para o feijão e enxergar naquele feijão o seu sonho e deveriam plantar aquele feijão, porque daquele caroço de feijão proveria vários outros; da mesma sorte, o sonho e as finanças de cada contribuinte seriam multiplicados, conclusão: pagaram muito caro por um grão de feijão! A arrecadação desta campanha gerou o valor de R$ 18.000,00 que depois de contabilizados foram repartidos entre a igreja organizadora e o "pregador".

 

c) Difamação e a Banalização do culto de adoração ao Senhor

As pessoas daquela geração só conheciam aquele método desprezível, e por consequência acabavam generalizando, entendo que a  adoração ao Senhor fazia parte daquele sistema religioso, como se Deus pouco se importasse ou fosse conivente com aquela situação.

Em nossos dias quantas pessoas decepcionados com a graça. Recentemente um Pai de família desesperado com a filha jovem acometida com o vírus do HIV, resolveu ceder aos apelos de certa denominação, chegando lá explicou o caso ao pastor da igreja que após entender a condição financeira privilegiada daquele senhor, expressou-se da seguinte forma: "Este caso é um caso muito difícil e é necessária uma oração especial e uma oferta voluntária de R$10.000,00 e sua filha será curada". Aquele homem não pensou duas vezes em atender ao pedido do explorador, não medindo esforços para ver a filha livre das garras da morte; porém, após cerca de 6 meses da realização do voto e da oração "forte" a menina veio a óbito. O Pai decepcionado com esta "graça barata" disse que nunca mais poria os seus pés numa igreja evangélica e reputa a todos os pastores como charlatões.

Numa outra experiência em uma igreja que dirigi a mulher grávida de um empresário membro da igreja recebeu uma "profecia" dizendo que o filho que estava no seu ventre seria uma benção e seria o filho da promessa, meses depois a mulher teve um problema hipertensão arterial gestacional (Pré-Eclampsia) e a criança veio a óbito. O Profeta veio atraído pela condição financeira do casal querendo entregar uma profecia que agradaria de alguma forma, usando os dons como forma de barganha para ver se com isso de alguma forma arrecadaria alguma coisa.

Quando fui visitar esta senhora no hospital a primeira coisa que ela falou a mim e minha esposa em meio às lágrimas, foram as palavras da "profecia" que havia recebido: "Pastor a promessa de Deus pode morrer, falaram para mim que meu filho seria uma benção que era uma promessa de Deus". O casal esfriou na fé pela ação inconsequente de uma pessoa que usou o nome de Deus inescrupulosamente, um falso profeta.

Os dias são maus e trabalhosos muitos homens amantes de si mesmo cujo seu deus é o ventre tem se levantado e se auto intitulado profetas e pastores, homens corruptos e corruptores, porém Deus tem um antídoto contra a corrupção do sacerdócio: o Juízo e a exaltação de uma nova geração realmente comprometida com os ideais divinos. Lembre-se sempre onde houver um Eli, Hofini e Finéias; Deus proverá para si um Samuel, Deus nunca permitira que a sua Vinha seja devastada permanentemente, mas no tempo determinado por Ele, a devida providência chegará.

 

2. Minha casa será chamada Casa de Oração

No evangelho de Mateus 21:12ss vemos o Senhor Jesus Cristo entrando no templo em Jerusalém e quando vê instalado no templo um sistema de comércio que visava a arrecadação inescrupulosa de dinheiro. Jesus toma um azorrague e promove uma limpeza e purificação destruindo as mesas daqueles que vendiam animais e das "casas de cambio", isto mesmo!!! Cambistas!!! Jesus, diz o texto, expulsou a todos os que vendiam e compravam e disse-lhes: "...Está escrito: A minha Casa será chamada Casa de Oração. Mas vós as tendes convertido em covil de ladrões" (Mt 21:13). Aqui está uma grande responsabilidade para os cristãos da atualidade: manter a casa do Senhor com o seu propósito original, lugar de comunhão com Deus - Casa de Oração.




[1] Champlin, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia - Volume 1 - Editora Hagnos - 7ª Edição, 2004 - São Paulo - SP
[2] CAIRNS, Earle E. - O Cristianismo Através dos Séculos - 2ª Edição São Paulo - Editora Vida Nova, 1995 Pg. 234